As florestas de laminárias são um habitat marinho dominado por grandes algas castanhas a que estão associadas comunidades biológicas diversas. Ainda pouco conhecidas nos Açores, estas florestas marinhas representam concentrações elevadas de biomassa vegetal de que podem depender várias espécies de interesse pesqueiro.
Um estudo publicado (https://doi.org/10.1111/jpy.13162), liderado pela equipa de Fernando Tempera e colegas, revela que a distribuição deste habitat marinho nos Açores é afinal mais alargada do que se pensava. Para além das já conhecidas florestas do Banco das Formigas, são identificados novos povoamentos de laminárias nas plataformas das ilhas de Santa Maria, Terceira e Graciosa.
Devido à afinidade relativamente fria destes organismos, nos Açores este habitat está em grande parte remetido para fundos rochosos entre os 40 e os 80 metros de profundidade. Tal situação permite às laminárias escaparem a temperaturas superficiais que lhe seriam letais durante o Verão, enquanto auferem de níveis de luz solar relativamente elevados proporcionados pela transparência das águas açorianas. Entre as principais ameaças que pendem sobre este habitat vulnerável incluem-se aos efeitos adversos das alterações climáticas e a apanha ilegal de algas. Dependendo do cenário de emissões de gases de efeito de estufa admitido, estima-se que até 2100 se assista nos Açores a uma redução do nicho térmico de Laminaria ochroleuca entre 23% a 85%, o que conduzirá a uma regressão dos respetivos povoamentos.
Reveste-se assim de grande importância para a conservação deste habitat a sua integração nos programas de monitorização da biodiversidade marinha, assim como alargamentos das redes de áreas marinhas protegidas e de sítios Natura 2000 que permitam salvaguardar as suas principais ocorrências.
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